Plantas carnívoras: monstros ou gênios?

No imaginário das pessoas as plantas carnívoras são como monstros que atacam e engolem serem humanos em um segundo.
Claro que os desenhos animados exageram e retratam as plantas carnívoras como se tivessem vontade própria, o que torna a situação assustadora mesmo.
Mas a realidade é bem mais simples.
Primeiramente porque a maioria das espécies é “insetívoras”, ou seja, se alimenta apenas de insetos.
Contudo, existem variedades de maior porte que se alimentam de pequenos anfíbios, répteis e alguns roedores.
A primeira vista, são bastante assustadoras!
Imagine encontrar uma planta com cerca de 6 metros de altura, cerca de 75 kilos e te contarem que ela é carnívora?
Pois esta planta existe e é originária da Indonésia e é conhecida popularmente como Flor Cadáver.

Além de colorida, ela utiliza um cheiro muito forte semelhante a carne apodrecida para atrair presas que costumam se alimentar de animais mortos. Daí o nome.
Felizmente, elas são bem pouco comuns (ufa!!!)
Por que elas comem animais?
O que torna o assunto curioso é o recurso que essas plantas encontraram para obter seus nutrientes.
Isso ocorre pois elas geralmente têm origem em locais de solo pobre e têm de criar uma maneira própria para conseguir alimento para sua sobrevivência.
Assim como as demais plantas, elas também fazem a fotossíntese e se apropriam dos alimentos do solo, mas encontram na origem animal o complemento nutricional que necessitam.
Com isso, acabam diferenciando-se da grande maioria das plantas, sendo vistas como exóticas e particulares.
O Brasil, é rico em espécies carnívoras, já tendo registrado mais de 90 espécies. Ou seja, ficamos atrás em número de espécies somente para a Austrália.
Contudo, são conhecidos diversos exemplares de plantas carnívoras em todo o mundo e em diversos tipos de clima.
Como elas atuam, afinal?
As plantas carnívoras têm folhas modificadas que atuam como verdadeiras armadilhas. Elas se dividem pelo tipo de emboscadas que utilizam, sendo:
Armadilha mordedora ou jaula: Quando a presa toca nas folhas modificadas, aciona um mecanismo de fechamento muito rápido, esmagando a presa e iniciando a digestão. As espécies Dionaeas utilizam este método.
Armadilha de sucção: Pequenas aberturas são estimuladas quando tocadas pela presa. Uma vez no interior da planta, a diferença de pressão de dentro e fora faz com que o inseto seja sugado para o centro digestivo da planta. As espécies Utriculária e Genlisea descritas adiante utilizam este recurso.
Armadilha tipo ascídios: Essas plantas têm formatos de jarros ou urnas. Um líquido escorregadio faz com que a presa deslize até o fundo onde encontra-se uma substância digestiva. As Nephentes e Sarracenias são exemplos deste tipo de emboscada.
Armadilhas adesivas: Possui folhas ou até mesmo toda a superfície da planta colante que aderem os insetos. A Drosera utiliza este método.
Cultivando plantas carnívoras
Enfim, vamos a ação conhecendo quais as espécies mais comuns e que você pode facilmente cultivar em casa:
Drosera

Características: Possui tentáculos cobertos por tricomas (espécie de pelinhos) e uma substância pegajosa.
Assim, quando a presa pousa na folha modificada, ela enrola o inseto e o leva até o interior da planta para ser digerido.
O cultivo pode ser na meia sombra ou sol pleno, sendo que na exposição do sol a Drosera atinge uma coloraçãoavermelhada intensa.
Como cultivar: Esta planta gosta de muito sol e solo encharcado. A composição do solo deve ser de bastante musgo tipo sphagnun e perlita (facilmente encontrados em lojas de jardinagem).
Dionaea

Características: É a mais comum das carnívoras. Ela cresce em forma de roseta e tem estrutura pequena de no máximo 15 cm de altura.
Possui uma estrutura em forma de boca, envolta por alguns tentáculos.
Quando a presa toca a folha, ela se fecha em uma fração de segundo e prende o inseto, numa espécie de jaula.
Como cultivar: O solo deve ser composto por turfa ou musgo misturado com areia. Gosta de muita água, mas não a deixe encharcada.
A Dionaea gosta de bastante sol, mas tenha cuidado quando adquirir uma, colocando-a pouco a pouco no exterior. Geramente elas são produzidas em estufas.
Nepenthes

Características: Elas têm formato de trepadeiras e o sistema de captação é composto por uma jarra com tampa.
Internamente alguns pelinhos prendem a presa impedindo-a de subir. No fundo do recipiente um líquido digestivo faz o trabalho de decomposição e absorção dos nutrientes.
Como cultivar: O solo deve ser uma mistura de musgo com areia ou perlita. O local ideal para ela é próximo a janelas ou em uma varanda.
Gosta muito de água e durante o inverno deve ser protegida do vento frio.
Sarracenia

Características: Tem uma estrutura simples composta por um caule e raízes. Do caule saem as folhas em forma de jarro com tampa.
A flor brota bem acima das folhas em hastes individuais. Essas plantas podem chegar a 1 metro de altura.
Como cultivar: Cultivar em sol pleno em vaso, fonte ou lago com o substrato de musgo totalmente submerso e a planta para fora da água.
Em dias de calor, mantenha a temperatura do substrato fresca. Não aprecia ambientes internos.
Genlisea

Características: Também conhecida como violeta do brejo, pode ter cultivo terrestre ou aquático. As armadilhas são submersas em formato espiral.
Ela não possui raízes, suas folhas crescem rente ao solo e as flores crescem na ponta de hastes.
Como cultivar: A luz ideal para esta planta é a meia sombra.
A água deve ser mantida em 1/3 do vaso se não for cultivada de modo aquático. Nunca pode ficar seca por completo.
Utriculária

Características: Assim como a Genlisea, pode ser terrestre ou aquática, mas recomenda-se o uso em lagos e aquários com luz solar direta.
Além disso, tem armadilhas ocultas e a presa é atraída por pelos ramificados até o gatilho que, subitamente, abre a porta de vesícula da planta em um sistema de sucção rápida.
Está pronto para o cultivo de suas plantas carnívoras? Ah, já ia esquecendo das dicas finais:
- Nunca adube suas plantas carnívoras
- Não tente dar os insetos diretamente para ela e
- Não estimule a planta desnecessariamente para não a estressar.
Elas são capazes de obter os nutrientes que precisam sozinhas! O que você precisa estar atento basicamente é com o clima e as quantidades de água. Agora é só jardinar!
Oi Marli…
Que beleza de texto. São informações úteis e curiosas que eu não conhecia.
Parabéns e muito obrigado pelo conteúdo Marli.
Mauricio Caffe
Você viu, Caffe? Sua amiga aqui tem faces ocultas…rs obrigada pelo apoio…
Que incrível Marli! Gostei muito das informações!!! Ficaram ótimas!
Valeu, Toshio!